terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Presas


Assim como nascem os anjos

das lágrimas de um filho teu

Da vida também nasce a morte

da morte quem surge sou eu


Do vale das sombras me ergo

nas noites frias me aqueço

No medo dos homens desperto

somente na fé adormeço


Descreva-me em tuas páginas

como um predador do pecado

Alimente-me do teu rebanho

daquele que for desgarrado


Pois sou o grito pagão

que rompe o silêncio da crença

O Senhor Criador e perdão

Eu criatura e sentença


A luz não se fez para todo

sentão ofereço-lhe as trevas

Aonde o que brilha somente

é a pálida chama das velas


Não tenho alma ou espírito

nem reflexo no teu espelho

Somente uma sombra ligada

aos pés do teu desespero


Não venho pedir piedade

na falsa linguagem dos homens

Pois um dia também fui teu filho,

mas hoje nem lembras meu nome.

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